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Em meados de 2023, apresentou um processo depressivo muito intenso, se estendendo até o início desse ano (2024), quando surgiram as crises de pânico. Nesse período, se afastou do trabalho (atualmente, encontra-se afastada) e surgiram as alterações de comportamentos, congruentes com um episódio de ativação cerebral (mania ou hipomania).
Apresentou uma significativa alteração comportamental, iniciada por volta de junho/2024, apresentando pensamentos extremamente acelerados; autoestima inflada, grandiosidade; distratibilidade; aumento da energia para realizar atividades do dia a dia; tomada de decisões importantes de forma impulsiva, episódios de compras desenfreadas, consequentemente adquiriu uma dívida gigantesca, separou-se do marido e alugou seu apartamento para conseguir, pelo menos pagar o financiamento e condominio do mesmo, está dividindo apartamento com duas estudantes de outra cidade, também perdeu o plano de saúde, por falta de pagamento.
Até o final do ano passado, tinha uma vida financeira equilibrada, não tinha cartão de crédito(compras só realizadas à vista), todas as suas contas eram pagas em dias, além de ter uma reserva financeira considerável. Sempre muito cautelosa com suas finanças. Hoje tem uma dívida gigantesca, em torno de R$400k (cartão de crédito, cheque especial, plano de saúde, condomínio, iptu, familiares, amigos, psiquiatra), até setembro/2024 estava recebendo salário dos dois contratos de trabalho, porém devido há uma divegência no processo do INSS, só está recebendo salário de um contrato.
Hoje está numa fase mania/hipomania, como também está entrando num processo depressivo, e dificilmente vai compreender a relevância da participação da família no processo terapêutico como também, nas atitudes danosas à própria vida, devido ao exposto, estamos utilizando um nome ficticio para proteger sua idêntidade, pois ela não tem ciência da hipótese diagnósticada, porém começou a medicação(preescrita pelo seu psiquiatra) para o transtorno há mais ou menos 15 dias, ela acredita que esta medicação é para ansiedade.
As informações mais recentes é que com a consolidação da separação ela está muito emotiva e teve várias crises de choro muito intensas, presenciadas pelo ex-marido e por meu pai. Ela perdeu muito peso e está com um aspecto bem abatida. Essas informações nos levam a acreditar que ela está abrindo um quadro depressivo ou misto. Estamos todos extremamente preocupados com o cenário atual em que ela se encontra e também receosos de como ela vai lidar com as consequências dos danos financeiros e pessoais causados pelo episódio de mania.
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Bipolaridade é o nome leigo dado para um diagnóstico psiquiátrico chamado Transtorno Afetivo Bipolar, que é uma doença psiquiátrica relacionadas ao humor. É uma condição frequente e tratável.
Das doenças mais conhecidas relacionadas ao humor, temos o Transtorno Afetivo Bipolar e o Transtorno Depressivo, também chamado de unipolar.
Na psiquiatria, só há um tipo de Transtorno Afetivo Bipolar, porém ele pode ter episódios de mania, depressão ou um estado misto.
Alguns ambulatórios e faculdades utilizam o sistema de classificação mais pormenorizado, onde eles dividem em diversos tipos de Transtorno Afetivo Bipolar. Isso não é a classificação diagnóstica habitual, sendo mais regional e específica.
O que sabemos sobre essa classificação é que é dividida em tipo 1, tipo 2 e tipo 3.
O tipo 1 é aquele que o paciente apresenta episódios de mania e como muitos sintomas expressivos e psicóticos (desconexos da realidade).
No tipo 2, o paciente apresenta episódios baixos ou moderados de mania, que não geram grandes alterações na vida da pessoa.
Já o tipo 3, são episódios de mania causados por medicação.
Nesta classificação, o mais grave é o tipo 1. Já na classificação utilizada na psiquiatria, podemos dizer que o mais grave seria o episódio de mania com sintomas psicóticos ou o episódio depressivo com sintomas psicóticos (desconexos da realidade).
Os perigos ocorrem quando a condição vem acompanhada de sintomas psicóticos, uma vez que a pessoa pode tomar decisões ou ficar presa a pensamos que trariam risco de vida. Então, quando se trata de um quadro de mania psicótica, é possível que o paciente ache que é invencível, se expondo a situações perigosas.
Podemos citar como outros perigos que, nos episódios de mania, a pessoa pode criar dívidas, quebrar cartões e fazer gastos excessivos, além das atividades sexuais excessivas que podem gerar alguma doença transmissível não curável.
No episódio depressivo grave, a pessoa pode parar de se alimentar, parar de cuidar da higiene, emagrecer de forma não saudável e ser acometida por infecções causadas pela falta de higiene e ate atentar contra a própria vida.
Com certeza! O Transtorno Afetivo Bipolar, quando bem tratado, não impede a pessoa de ter uma vida completamente normal. Podemos dizer que esse transtorno se apresenta com qualquer doença crônica, como a Diabetes por exemplo. Podem ocorrer crises por alguma razão, mas, se bem tratada, com medicamentos e doses adequadas, não gerará maiores complicações e ficará tudo bem.
O tratamento tende a ser muito longo. Após a fase inicial de identificação para um correto diagnóstico, se inicia o tratamento com medicações, sendo necessário regularizá-las para que tragam estabilidade no humor sem gerar os efeitos colaterais para o paciente. Por esse motivo, podem ocorrer trocas medicamentosas durante o processo, visando manter a estabilidade do humor. É priorizada sempre a ausência do quadro depressivo, garantindo que o paciente não esteja caminhando para quadros de mania.
Depois que o quadro estiver estável, é possível ter uma vida normal.
Em relação a cura, é difícil dizer, pois, depende do entorno e das dificuldades que essa pessoa pode eventualmente atravessar.
A suspensão ou diminuição medicamentosa, deve ser realizada exclusivamente sob orientação medica e sempre terá risco de, eventualmente, ocorrer alterações no humor.
O transtorno afetivo bipolar é caracterizado pela alternância, as vezes súbita, de depressão e euforia, de graus variáveis.
Nos episódios de mania, podemos citar sintomas de: autoestima inflada (grandiosidade); redução da necessidade do sono; gastos excessivos; falar mais que o habitual; apresentar pressão no discurso, sendo difícil de interromper; distração, envolvimento com atividades de risco, como abuso de substâncias e atividades físicas de risco.
Além disso, a linha de raciocínio não é linear, ramificando muito o que quer falar, mas nunca chegando ao objetivo.
Nos episódios depressivo, os principais sintomas são: diminuição da disposição para a vida; aumento da necessidade do sono; retração e isolamento; tristeza profunda; falta de vontade para realizar atividades e pensamentos pessimistas, de menos valia e que trazem um ambiente de piora e risco.
Nos episódios de depressão, a pessoa costuma evitar o meio social, ficando mais retraída e isolada. É um período marcado por falta de cuidados higiênicos pessoais e com o ambiente, tristeza profunda e falta de vontade de realizar atividades. Se tornam menos sensíveis aos acontecimentos ao seu redor. Muitas vezes se tornam pessimistas e sem esperança no futuro, havendo risco de ideação suicida. O tempo de duração desses episódios pode ser de semanas, meses ou anos.
A fase de mania é um estado psíquico muito instável. Durante essa fase é muito difícil manter a funcionalidade, pois há diminui da necessidade de sono, exposição a comportamentos de risco e intensificação de compulsões (alimentar, jogos, compras e desejos sexuais). Sua duração varia de semanas a meses.
O que chama mais atenção no Transtorno Afetivo Bipolar é a capacidade que a pessoa tem de transicionar entre dois estados de humor. E, para certificar da compreensão, neste momento é importante diferenciar humor e afetos (animo)
Afetos são instáveis, voláteis, oscilam entre feliz e triste e se referem ao estado de animo momentâneo da pessoa. Isso é normal e esperado em todas as pessoas.
Por exemplo, se ganharmos algo que almejávamos, ficaríamos muito felizes. Porém, se algo de ruim acontecer, ficaríamos triste.
Humor costuma ser mais estável, perene, durador e seus extremos são a elação (euforia) e a depressão, que estão ligados à disposição para a vida.
Sendo assim, se eventualmente temos diversas coisas boas acontecendo, tendemos a ter o humor mais elevado.
Na bipolaridade a oscilação ocorre entre estados de humor ou seja, há mudança na disposição para a vida.
Para diagnosticar a doença, é necessário realizar uma investigação médica através da anamnese de exame psíquico, que é usado para tentar identificar a condição logo no início, avaliando se há realmente no histórico dessa pessoa a presença de um evento de mania. Se for confirmado, determina que as alterações são tanto para o lado da depressão quanto para o lado da elação, diagnosticando a bipolaridade.
O diagnóstico deve ser feito por um psiquiatra, requer uma boa anamnese, uma história clínica bem detalhada e exame psíquico também muito detalhado. Além de alguns exames clínicos laboratoriais, como exame de sangue e de imagem para afastar outras patologias que poderiam gerar dúvidas.
Para uma pessoa leiga, o que pode chamar atenção é a alternância entre períodos de sintomas depressivos e períodos de impulsividade, com muitos desejos sexuais, gastos excessivos e necessidade de sono reduzida.
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