Todo dia, estranhamente, um novo muro aparece com rachaduras no bairro de Pinheiros, em Maceió (AL). Crateras se abrem no asfalto defronte a portas de casas e comércios, e as pessoas relatam a sensação de que a terra vai engoli-las. Num país sem tsunamis, furacões ou terremotos, em março do ano passado, Pinheiros registrou um tremor de intensidade 2,5 na escala Richter.
Já aqui, a meu lado, na Ilha de Itaparica de João Ubaldo Ribeiro, a terra literalmente engoliu o que viu. Uma grande vagina (antes de me julgar, veja a foto acima e diga com o que se parece) abriu-se, com 86 metros de comprimento e quase quarenta de profundidade. Tudo isso a um quilômetro da Vila de Matarandiba, onde os muito humilde habitantes dormem em vigília.
Desde a tragédia de Brumadinho, divulgou-se que a Bahia é o estado com o maior número de barragens atualmente vulneráveis (10), seguida por Alagoas (6) e Minas Gerais (5). O Ministério Público da Bahia está investigando o porquê deste côncavo “acidente” na Ilha desde o ano passado, mas ainda não divulgou um parecer que identificasse as causas.
Se em Maceió, depois de mais de duas décadas, não desvendaram (ou não quiseram revelar) a razão das fendas e rachaduras, em Itaparica o motivo parece estar pintado de vermelho. A mineradora Dow Química, que extrai salgema da ilha, é proprietária da área e minera a poucos quilômetros de onde se abriu a enorme cratera.
O buracão baiano já fez aniversário e até agora só se ouviu o cordial “estamos de olho”, ou, “daremos a assistência necessária” (quase uma declaração de culpa) dessa tal extratora de riquezas que deveria se explicar muito, mas muito mais.
Pensem, vocês, na possibilidade de ter as suas casas engolidas por um buraco na Terra. Os moradores de Matarandiba contam que todo dia há um novo estrondo. São as árvores das beiradas do buraco sendo engolidas para o centro, diminuindo mais e mais a distância entre os moradores do vilarejo e o monumental abismo.
Minha matéria vai perguntar o que está acontecendo para mais gente. Não me interessa só a palavra dos prováveis culpados, como se tem divulgado: eu quero saber o que eles vão fazer para reparar e para impedir a evolução do caso para mais um desastre. Quero viajar, insistir e ouvir gente que entende do riscado: geólogos, engenheiros, outros estudiosos e, até, a Dow Química.
Esta matéria será dedicada ao meu querido tio e grande geólogo Paulo Espinheira (in memoriam), e será publicada no Socialista Morena.
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