"Fingindo voltar do trabalho, cheguei em casa e logo depois chegou a noite, que levava a crer que tudo seria como todos os dias, com um lanche noturno seguido de alguma programação televisiva. Mas tudo foi completamente diferente, aquela noite foi uma das mais angustiantes de toda a minha vida. Eu e meu irmão nos entreolhávamos como quem procura coragem para dizer alguma coisa. Até que consegui proferir:
- Tenho uma coisa séria pra falar pra vocês...
Pelo seu olhar, tive a nítida impressão de que minha mãe sabia do que se tratava. Mães... Elas são bruxas, adivinham nossas intenções, pressentem nossas dificuldades e são capazes de mover o mundo por nós. Por onze anos fui o filho único de dona Aída, nome dado por meu avô em homenagem a sua obra favorita de Verdi. Mãe torcedora do Santos Futebol Clube, filho santista. Mãe adorava uma peruca argentina, o filho também. Ou seja, eu sempre fui o filhinho da mamãe e ela o meu porto seguro, a bóia que é lançada quando o fôlego está acabando. Nem ela e nem eu tínhamos noção o quanto essa “coisa séria” nos aproximaria e nos uniria como nunca em nossas vidas.
Uma vez mais em um único dia me senti um covarde em levar essa tristeza às pessoas que mais amava. Mas tinha que ser feito, esse segredo nunca se manteria por muito tempo. E, naquele momento em que estava prestes a dar a notícia, foi a primeira vez que eu senti a presença dela, a tal da Morte, com sua capa e alfanje espalhando-se por todos os cantos do aposento. É terrível ver que a morte criou vida e está em seu encalço, sob a forma de um ar irrespirável, denso... Foi como dar uma notícia de falecimento de alguém muito querido e, de certa forma, era mais ou menos isso. Minha mãe, olhando com um pedido de “não conte” perguntou o que estava acontecendo. E eu, na lata, respondi:
- Estou com AIDS.
Meu Deus, como pode um simples gota arrasar tanto a alma de uma pessoa? Aquele ar irrespirável passou a ser sufocante... E aquele olhar triste de minha mãe deixou escapar uma lágrima. Uma única e furtiva lágrima que escorreu lentamente pelo seu lindo rosto fazendo com que eu me sentisse o pior dos mortais, o lixo do lixo, desejando um raio fulminante em minha cabeça. Ou uma complicação séria que me levasse o mais rapidamente possível desse mundo. Uma lágrima e um olhar triste, se os homens guerreassem assim... Meu pai Geraldo, figura proeminente do cenário político de São Vicente, cortou o clima perguntando como eu havia contraído. Respondi que havia sido através de sexo sem camisinha, que não curtia drogas injetáveis. Quem diria que meu pai, com o qual sempre tive sérias diferenças políticas e íntimas, seria o primeiro estímulo para continuar em frente? Prático e sempre presente nas situações difíceis, ele determinou:
- Agora é ver o que se pode fazer e olhar para frente.
Mas minha atenção ainda estava naquela pequena grande guerreira que sabia que teria um verdadeiro desafio pela frente. Já não foi fácil aceitar a homossexualidade do filho, agora o HIV. Meu irmão a todo instante intervinha como meu fiel parceiro, tentando amenizar a situação, enquanto aquela lágrima ainda rolava dentro de mim, corroendo todos os meus órgãos, ossos, veias, com um poder de destruição maior do que o do HIV. Eu sabia que a brincadeira estava apenas começando, muita coisa ainda iria acontecer no pega pega entre a Morte e a Vida. A Morte e Vida Posithiva."
A AIDS não é notícia mais em lugar algum do país e diversos aspectos da epidemia são negligenciados tanto pelos governos quanto pela imprensa e sociedade. O livro se torna importante ao problematizar esses aspectos. Não podemos deixar que o combate a esta epidemia esmoreça! Ao mesmo tempo em que quero encorajar não somente as pessoas vivendo com HIV, quero atingir qualquer pessoa que se encontra diante de um desafio desproporcional ao seu tamanho e que se sinta impotente, a desenvolver sua resiliência. Em minha única experiência anterior, que foi a publicação de texto autobiográfico de 15 páginas no livro ‘Histórias de Coragem’, editora Madras, foram diversos os retornos de pessoas com HIV e seus familiares relatando uma mudança de atitude por parte do leitor. Mas agora você será parte deste meu novo lançamento, adquirindo seu livro antes de todos no menu ao lado!
Que as dificuldades da Vida, sendo a Morte a principal delas para muita gente, são o que de mais natural e enriquecedor pode existir. Não se evolui em baladas ou manhãs de sol, mas nos desafios que temos pelo caminho. E sempre se pode virar o jogo, por mais poderoso que seja seu oponente.
O livro narra a minha trajetória desde minha infecção pelo vírus HIV no ano de 1989 até os dias de hoje, permeado de fatos da infância e juventude que colaboraram para os acontecimentos futuros. Mesclar tragédia e comédia no mesmo contexto é minha marca registrada, o que provoca uma profunda reflexão sobre os vários aspectos envolvidos na epidemia de AIDS e também em questões de cidadania e de foro íntimo. A minha obra se revela uma potente ferramenta para desenvolver a resiliência do leitor e impactar positivamente não somente a vida das pessoas, como também na compreensão coletiva sobre aspectos não divulgados da epidemia.
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Sou aposentado, curso superior incompleto na área de comunicação social, por quinze anos diretor da ONG Hipupiara e sou especialista certificado pelo STF na área da Saúde. Prontuário médico resumido: pneumonia, três AVCs, considerado terminal por candidíase, dois cânceres, diversas fraturas por osteoporose, 23 cirurgias, instalação de prótese bilateral nos quadris por osteonecrose e prognóstico de mais duas nos joelhos.
Após vencer inúmeras batalhas de ordem física e emocional devido aos 26 anos de infecção pelo HIV e de ter mudado minha história de vida ao atuar por 15 deles no enfrentamento à epidemia de AIDS, chegando a defender duas teses no STF e sem formação acadêmica, muitas pessoas repetiam que eu precisava colocar isso tudo no papel. Foi o que fiz.
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