JAQUE VAI AO JAPÃO!

Passei parte da minha vida vivendo no Morro do Sabão, Osasco, SP, uma das comunidades em situação de vulnerabilidade devido as más condições de infraestrutura e ausência de saneamento básico. No entanto, esses fatores não eram considerados como um risco declarado, até que em 2011 ocorreu o terrível deslizamento na região Serrana do Rio de Janeiro, e o caso ganhou notoriedade. E assim, outros deslizamentos foram se sucedendo e escancarando a fragilidade em que estão essas comunidades em encostas de morros e margens de corpos hídricos.

Sendo parte dessa população vulnerável, sentia que algo deveria ser feito. Até que em uma discussão em sala de aula, meu professor de sociologia disse: Somos predestinados a viver a realidade do local em que nascemos e/ou vivemos. Aquela premissa me incomodou por muito tempo, a ponto de desenvolver o medo de dormir sob chuvas extremas. Entretanto, esse mesmo professor nos incentivava a transformar a nossa realidade através dos estudos. E assim, eu o fiz.

Ingressei na Universidade Federal de São Carlos – Campus Lagoa do Sino, em busca de oportunidades de estudo, pesquisa, debates, congressos, entre outras vivências acadêmicas que pudessem agregar a minha carreira e na mudança que buscava. Até que em 2016, os municípios de Campina do Monte de Alegre e Buri, SP, sede da universidade, foram atingidos por fortes chuvas resultando no transbordamento dos Rios Paranapanema e Itapetininga, devastando diversas propriedades rurais e comunidades ribeirinhas.

Juntamente a esse ocorrido, durante os estudos da disciplina de Hidrologia, entendi em qual direção deveria seguir meus esforços. Coincidentemente, neste mesmo ano, um pesquisador do CEMADEN, Dr. Pedro Ivo Camarinha, palestrou em um evento da universidade. Ao me deparar com sua pesquisa, fiquei esperançosa e aliviada em saber que o Brasil estava evoluindo na pesquisa sobre os desastres que assolam nosso país.