As Barraginhas são pequenas bacias escavadas no solo com diâmetro de até 20 metros, tendo de 8 a 10 metros de raio e rampas suaves. São construídas dispersas nas propriedades com a função de captar enxurradas, controlando erosões e proporcionando a infiltração da água das chuvas no terreno. Assim, preservam o solo e promovem a recarga dos lençóis freáticos, que abastecem nascentes, córregos e rios. A elevação do lençol freático aumenta a disponibilidade de água nas cisternas, propicia o umedecimento das baixadas e até o surgimento de minadouros. Isso ajuda a amenizar os efeitos das estiagens e viabiliza a sustentação de lagos para criação de peixes e o cultivo de hortas, lavouras e pomares, gerando um clima de motivação entre os agricultores, e proporcionando mais trabalho e renda.
1. METODOLOGIA
1.1 VISITA TÉCNICA.
Antes da visita técnica será identificado através do CAR, o uso e ocupação do solo e os remanescentes de vegetação nativa, áreas de pousio, nascentes, represas, lagos, cursos e corpos d'água, e áreas de servidão administrativa, como ferrovias, estradas municipais, linhas de transmissão de energia, entre outros.
Para a correta implantação das barraginhas, inicialmente, se faz necessário uma avaliação da área em questão, considerando características da região, como relevo, cobertura vegetal e tipo de solo.
As bacias devem ser selecionadas, tanto em tamanho quanto em número, conforme as características locais, como o volume da enxurrada, declividade do terreno e a velocidade de infiltração da água no solo.
1.2. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA SUPERFICIAL.
OBJETIVO: Avaliar os ecossistemas aquáticos a partir de dois segmentos de um curso d'água, quando presente no imóvel rural, à montante e à jusante, utilizando um protocolo de avaliação rápida dos ecossistemas aquáticos. Análises complementares podem ser realizadas por meio de fitas de análise depH, nitrato e coliformes, e equipamentos para análise da turbidez.
1.3. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA.
OBJETIVO: Avaliar a qualidade da água subterrânea no imóvel rural, quando presente (poço proveniente do lençol freático (mais raso), ou poço artesiano, proveniente de aquíferos que estão abaixo de uma camada impermeável, portanto, mais profundos). Para tanto, são utilizados três parâmetros: pH; coliformes termotolerantes e nitrato.
1.4. RISCO DE CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA POR AGROTÓXICOS.
OBJETIVO: Estimar o risco de contaminação de corpos d'água pelo uso de agrotóxicos no imóvel rural, considerando parâmetros relacionados à persistência do princípio ativo no ambiente, sua mobilidade no perfil do solo e a toxicidade da formulação. São considerados todos os agrotóxicos eventualmente utilizados no imóvel rural, o volume aplicado e a vulnerabilidade de cada talhão, considerando, a granulometria do solo, a proximidade dos corpos d’água e o tipo de manejo do solo.
1.5. AVALIAÇÃO DE ÁREAS COM SOLO EM PROCESSO DE DEGRADAÇÃO.
OBJETIVO: Verificar a presença de solos em estágio de degradação, dimensionar a área, a intensidade do processo (escala e potencial de impacto) e avaliar a tendência de comportamento do processo de degradação (intensificação, estabilização ou diminuição).
1.6. GRAU DE ADOÇÃO DE PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS.
OBJETIVO: Avaliar o grau de adoção de uma série de medidas para a conservação do solo e água em todos os sistemas de produção no imóvel rural. A verificação é realizada em todos os talhões de lavouras e pastagens. Também é verificado com o produtor ou responsável pelo empreendimento quais estratégias vêm sendo adotadas para o convívio com a seca ou estresse hídrico e para a conservação e reservação da água no imóvel rural.
1.7. ESTADO DE CONSERVAÇÃO DAS ESTRADAS QUE CORTAM OU MARGEIAM O IMÓVEL RURAL.
OBJETIVO: Verificar a presença de estruturas para a drenagem e escoamento das águas pluviais(enxurradas) das estradas localizadas no imóvel rural ou que tangenciam o imóvel rural, observando a presença de abaulamentos ou declividade transversal das mesmas, a presença de lombadas para o desvio de enxurrada, quando necessário, a presença de bacias ou caixas de infiltração para captar a água proveniente do escoamento das estradas, quando necessário, e o estado de conservação das estradas observando a presença de buracos e sulcos de erosão.
1.8.VEGETAÇÃO NATIVA — FITOFISIONOMIAS E ESTADO DE CONSERVAÇÃO.
OBJETIVO: Avaliar o estado de preservação dos remanescentes de vegetação nativa e o nível de fragmentação desses habitats no imóvel rural. Verifica-se também se estes fragmentos de vegetação nativa têm ligação com outros fragmentos nos estabelecimentos rurais vizinhos, formando, corredores ecológicos. São identificadas as fitofisionomias (campo rupestre/campo de altitude; campo higrófilo de várzea; cerrado ralo; cerrado típico; cerradão; mata de galeria; veredas; mata atlântica/mata seca; e vegetação de caatinga) e o estado de conservação com base nas referências para os estágios sucessionais das principais fitofisionomias dos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.
1.9. ADEQUAÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APPS) DO IMÓVELRURAL.
OBJETIVO: Verificar se o uso e ocupação do solo nas APPs está conforme o Novo Código Florestal, e verificar o estado de conservação das APPs no entorno de nascentes e corpos d’água (cursos d'água, represas, lagoas, etc.).
1.10. ADEQUAÇÃO DA RESERVA LEGAL (RL) DO IMÓVEL RURAL.
OBJETIVO: Avaliar o cumprimento da exigência de Reserva Legal (RL) no imóvel rural, conforme o Novo Código Florestal. Verificar também se o imóvel rural possui área com vegetação nativa excedente à exigência para RL (considerado como um ativo ambiental).
1.11. DIVERSIFICAÇÃO DA PAISAGEM AGROSSILVIPASTORIL NO IMÓVEL RURAL.
OBJETIVO: Verificar a diversificação da paisagem na escala de lavouras e talhões, e na escala do imóvel rural e seu entorno.
2. Implantação das barraginhas.
A implantação dessas tecnologias sociais ocorre com envolvimento dos produtores rurais, que participam de reuniões mobilizadoras e ficam aptos a indicar os locais das enxurradas onde devem ser construídas as Barraginhas.
Para apresentar resultados palpáveis, necessita-se que uma comunidade tenha entre 200 a 250 barraginhas instaladas, com uma média de 3 barraginhas por propriedade/família, áreas de até 5 ha.
As barraginhas implantadas em terrenos com solo arenoso e profundo possuem maior velocidade de infiltração, em contraponto, as que são implantadas em solos argilosos a velocidade de infiltração é menor, desta forma, a sua dimensão deverá ser maior. Entretanto, a construção de bacias de infiltração com grandes dimensões não é recomendada, em contraposição, a construção de bacias menores em sequência, onde a água captada passe de uma para outra.
As barraginhas devem ser construídas dispersas nas áreas de agricultura e pastagem, sendo uma barraginha para cada área onde ocorra um volume significativo de escoamento superficial. Nesse sentido, deve haver uma boa integração entre o produtor rural, os técnicos e os operadores das máquinas, para se identificar os pontos cruciais que são mais afetados pelas enxurradas no terreno e os melhores locais para implantação das barraginhas.
Cada família atendida receberá orientações técnicas para construção e manutenção das barraginhas. Esta manutenção deve ser realizada anualmente e durante o período seco, efetuando a remoção dos sedimentos acumulados na bacia de infiltração, podendo estes sedimentos serem colocados no talude externo ou levados para locais apropriados.
3. Elaboração/Monitoramento da Gestão de Recursos Hídricos.
Usaremos 5 Linhas Estratégicas, com a finalidade de quantificar os esforços necessários para alcançar avanços na sustentabilidade ambiental e econômica das propriedades.
1 - Redução das cargas poluidoras: melhorar gradativamente a quantidade e qualidade da água.
2 - Racionalização do uso dos recursos hídricos: eliminar, reduzir e gerenciar as perdas de água, visando garantir a disponibilidade hídrica para todos os usos.
3 - Mobilização: Ampliar os projetos de educação ambiental e mobilização.
4 - Conservação de Recursos Naturais: Incentivar e promover a recuperação das áreas legalmente protegidas.
5 - Fortalecimento da Gestão de Recursos Hídricos: Promover o fortalecimento da gestão integrada;
Implementar os instrumentos de gestão dos recursos hídricos.
4. Resultados esperados:
— Cada barraginha de 150 m³ de volume transfira ao lençol freático de 10 a 15 recargas por ciclo de chuvas, o que equivale de1.500 a 2.250 m³ armazenados/barraginha/ciclo;
— Qualitativamente contribua para o controle de erosões, assoreamentos, amenização de enchentes;
— Redução de transporte de água por caminhão pipa para abastecimento rural;
— Qualidade da água e diversificação de produtos agrícolas, garantidos pela poupança de água na caixa natural do solo;
— Assegurar a sustentabilidade das famílias, base para o Projeto Fome Zero;
— Que o projeto gere renda, confiança, esperança, fortalecimento regional e redução do êxodo rural.
Fundado em 22 de março de 2022, o Instituto Biogreen é uma organização social sem fins lucrativos composta por uma equipe multidisciplinar, que instituiu como princípios fundamentais a defesa ao meio ambiente, a agricultura sustentável, a pesquisa científica e a educação prática. Desde então, a instituição segue empenhada em investir conhecimento e recursos em prol da sua causa.
No Instituto Biogreen, são angariados fundos e prestados serviços para promovermos projetos relacionados com meio ambiente, agricultura sustentável, pesquisa científica e educação. O objetivo é aumentar a conscientização pública sobre problemas ambientais graves que a sociedade enfrenta atualmente.
Membros do Instituto Biogreen:
- Bruno Moises Alves Ribeiro — Engenheiro Ambiental e Sanitarista (Presidente);
- Kenner Morais Fernandes — Biólogo, Pós-doutorado em Entomologia Agrícola (Diretor Executivo);
- Fernanda Pereira da Silva — Bióloga, Pós-doutorado em Agronomia e (Diretora de Finanças);
- Marcos Jorge de Magalhães Junior — Biólogo e Pós-doutorado em Microbiologia Agrícola;
- Cliver Fernandes Farder Gomes — Biólogo e Doutor em Entomologia Agrícola;
- Franciane Rosa Miranda — Bióloga e Doutoranda em Biologia.