Zito, o líder essencialO sucesso do futebol brasileiro pode ter começado na irreverência e no malabarismo dos garotos de rua, no talento dos que nasceram para driblar e marcar gols, mas esses muitos artistas não teriam chegado ao ato final não fosse uma voz de comando forte. Zito, o líder essencial é um livro que deixa evidente o valor dessa liderança nas conquistas do Santos e da Seleção Brasileira. Ampla pesquisa e entrevistas com parentes e amigos deram a Odir Cunha, autor acostumado a notáveis biografias, farto material para um livro com informações precisas, gostoso de ler e ao mesmo tempo profundo, portador de questões até então não discutidas.Não dá mesmo para entender a época de ouro do nosso futebol sem conhecer e compreender Zito, o garoto de garra, estilo e personalidade que veio do Vale do Paraíba para abrir caminho para o sucesso aos berros e não se intimidou com nada que se colocasse entre ele e a vitória.Neste belo livro da Editora Verbo Livre, projetado com esmero pelo editor de arte Clero Junior e impresso nas oficinas da Rettec Artes Gráficas, o leitor terá uma obra definitiva sobre o líder Zito e poderá compreender melhor a era de craques e de homens especiais que colocaram o futebol brasileiro no topo do mundo.
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COMPRE AGORA NA PRÉ-VENDA EXCLUSIVA! Tinha de ser escrito por Odir CunhaBiógrafo de Pelé, Oscar Schmidt e Gustavo Kuerten, autor de 14 livros sobre o Santos Futebol Clube, entre eles “100 anos de Futebol Arte”, o livro oficial do Centenário do Alvinegro Praiano e o mais vendido no Brasil dentre os chamados “livros de arte”, Odir Cunha é o escritor talhado para eternizar a história do jogador e líder formidável que foi Zito.Dono de dois Prêmios Esso pelo Jornal da Tarde e três prêmios da Associação Paulista dos Críticos de Arte pela Rádio Excelsior, Odir Cunha é jornalista, curador de exposições, editor e escritor com 34 livros publicados. Paulistano, nascido em 17 de setembro de 1952, ama o futebol e o Santos desde os seis anos de idade. Tentar desvendar os segredos da liderança de José Ely Miranda, o Zito, sempre foi um desafio. Agora realizado.
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O menino nasceu em tempos revolucionários. Naquela segunda-feira, 8 de Agosto de 1922, fazia um mês que estourara a Revolução de 32 e as forças paulistas ainda repeliam as tropas fieis ao ditador Getúlio Vargas. Seria um sinal? Bem, o certo é que o futebol brasileiro iniciaria uma sutil, mas profunda revolução a partir daquele garoto, um dos cinco filhos de Jandira Barcellos e Joaquim Miranda, o Quim Miranda, bom jogador de várzea e dono de um concorrido empório no lugar.
Desde o seu início no Brasil, quando Charles Miller ensinou os primeiros fundamentos do esporte, os praticantes e amantes da nova modalidade aprenderam a venerar os jogadores habilidosos, os chamados cobras. Era como se, com exceção do goleiro, todos em campo devessem ter categoria para dominar a bola, acertar um passe, esticar um lançamento, enganar o adversário com dribles e negaças e executar plásticos cabeceios. É óbvio que poucos conseguiam fazer tudo isso com perfeição, mas, se não fizessem, permaneceriam no limbo, jamais seriam adorados.
Logo que virou gente, José Ely Miranda, o Joselito, ou Zito, decidiu que passaria manhãs, tardes e noitinhas jogando bola de meia na rua, fazendo companhia aos irmãos Hélio, Jairo e à molecada do bairro. De tão compenetrado, dizem que se a chupeta caísse no chão, punha de volta na boca e continuava correndo atrás da bola.
Enfim, já era um pequeno guerreiro, sempre lutando para tirar a bola de Hélio, o mais velho, um exímio driblador. Quando teve de dividir o tempo com a escola e o trabalho no empório do pai, Zito não faltava a nenhum racha nas tardes em que até quatro times se formavam e seguiam jogando, agora com o luxo de bexigas de boi doadas pelos matadouros, enquanto houvesse luz e fôlego.
Dizem que a prática leva à perfeição. Não é por acaso que alguns dos melhores jogadores brasileiros tenham se formado em tempos como aquele, em que meninos pobres só tinham o futebol como diversão. De tanto praticar, é natural que Zito e seus colegas aprimorassem a técnica e as noções táticas que hoje são ensinadas nas escolinhas de futebol. Mas a perfeição ainda não é a beleza, e é a beleza que atrai e fascina.
Porém, as jogadas mais vistosas nem sempre levam a um resultado prático, como Zito percebeu ao observar as atuações do irmão. “Hélio driblava bem e tinha muitos fãs, mas só driblava, driblava e a jogada não terminava em gol”. O ídolo do futebol na cidade, com fama de craque, chamava-se Leco e só não tinha permanecido em um time grande de São Paulo porque, vítima de uma desilusão amorosa, voltara para viver com a mãe.
Assim, desde as peladas de Roseira Zito já tinha decidido que tipo de futebol queria, mesmo que isso significasse remar contra a maré. A certeza de que estava no caminho certo veio em Pindamonhangaba, onde foi estudar e jogou por times locais. Lá recebeu o conselho de um açougueiro de que se continuasse no meio de campo teria um grande futuro no futebol.
Aos 18 anos incompletos ele testemunhou a tristeza dos amigos de Roseira e também se decepcionou com o fracasso da Seleção Brasileira na Copa de 1950. O time tinha como médio volante o carioca Danilo Alvim, chamado de Príncipe pelo estilo elegante. Quatro anos depois, na Suíça, o Brasil voltou a decepcionar ao ser eliminado pela Hungria nas quartas de final. O volante da Seleção era José Carlos Bauer, também festejado pela imensa categoria.
Zito tinha apenas cinco anos em 1938 e nem se lembrava da Copa da França, mas depois ficou sabendo que o zagueiro Domingos da Guia, chamado de Divino pela crônica carioca, cometeu um erro grosseiro na semifinal contra a Itália, e a partir daí falhas graves de zagueiros eram chamadas “domingadas”. Quando chegou ao Santos, em 1952, o time contava com Hélvio e Formiga, um zagueiro e um volante excepcionais. Zito quebraria o galho como zagueiro, fazendo dupla com Hélvio, e jogaria algumas vezes como volante, mas jamais conseguiria, ao menos até 1955, alcançar um nível técnico tão elevado como esses dois titulares, e por isso acabaria sendo escalado como médio esquerdo ou direito.
É preciso lembrar tudo isso para deixar claro que a história do maior volante e líder do nosso futebol não pode ser comparada a um sopro divino, um passe de mágica, um roteiro de sucessos contínuos. Ao contrário. Nosso herói viveu a desconfiança dos estetas, amargou a reserva de jogadores mais conceituados e ainda teve de superar uma grave contusão para se firmar no Santos (machucou-se em 1954, extraiu o menisco do joelho direito em 1955 e só então, curado e mais experiente, passou a mostrar seu melhor futebol).
Perceba que a ascensão de Zito foi construída aos poucos, com dificuldade e sofrimento. Sua luta para garantir um lugar como volante do Santos e da Seleção Brasileira exigiu enorme resiliência. Por alguns anos teve de manter renhida disputa pela posição com jogadores de técnica invejável, como Formiga e Urubatão no Santos e os excelentes Roberto Belangero e Dino Sani na Seleção.
Em uma entrevista de 1954, aos 22 anos, percebia-se que estava um tanto desanimado com a sorte. Com dores no joelho e obrigado a fazer uma cirurgia delicada que o afastaria dos campos por mais de quatro meses, e de casamento marcado com Cecília, uma professora de Taubaté, o garoto parecia ter perdido um pouco de sua admirável confiança. Mas foi só questão de momento.
Os valores passados pelos pais não permitiriam que desistisse. Zito era o homem padrão de sua época, fruto de uma sociedade católica, em que os filhos respeitavam os pais e o patriotismo inflamava as massas também no futebol. Um rapaz que havia aprendido a valorizar a garra, a persistência, e jamais desistiria de um sonho tão próximo.
Além da educação dos pais, na escola o menino lia histórias como “A cigarra e a formiga”, fábula do grego Esopo que fala da relação do trabalho e do lazer. A cigarra vivia cantando e a formiga trabalhava e fazia a previsão para o inverno. Bem, Zito tocava violão e foi um dos que ensinou Pelé a dedilhar seus primeiros acordes, mas no futebol o volante era uma formiguinha escrita, correndo por todos os lados do campo, batalhando sem descanso pelo time.
Quando lhe perguntei, há mais de 20 anos, para o livro Time dos Sonhos, o que ele fazia de melhor no campo. Se era marcar, passar, lançar, driblar, ele deu um sorriso:
– Fazia tudo mais ou menos, mas detestava perder.
Mais ou menos?! Por aí se vê sua humildade. Sim, humilde e brigador, não se importava de conspurcar o uniforme branco do Santos e perder no mínimo três quilos por jogo. O importante era vencer, mesmo sem gols bonitos e sem as chamadas jogadas de efeito. Com o tempo ficou mais à vontade para gritar com os que não seguissem suas determinações, nem Pelé escapava (os sete mandamentos de sua liderança são explicados em um capítulo deste livro).
Nos preparativos para a Copa da Suécia, Paulo Machado de Carvalho, o Marechal da Vitória, viu em Zito o espírito que faltava ao meio campo do Brasil. Garrincha e Pelé eram solistas inigualáveis; Didi, mais outro artista, porém ainda assim era preciso contar com um comandante duro, inesgotável, atento, no meio de campo, para que as tristezas de 1950 e 1950 não se repetissem.
Como se sabe, a fórmula de 1958 deu tão certo que foi repetida em 1962, no Chile, com igual sucesso. E na decisão, no grande momento de sua carreira e do futebol brasileiro até ali, incorporou a alma do time e o desejo de milhões de torcedores e foi à frente surpreender os tchecos e decidir o jogo e a taça. “Fazia tudo mais ou menos, mas detestava perder”. Tá bom.
Com Zito a Seleção Brasileira deixou de ser uma trupe de malabaristas para se transformar em uma equipe séria, competitiva e vencedora, que já sabia encontrar o equilíbrio entre defesa e ataque, entre a ânsia do gol e a necessidade de fechar espaços e dificultar o avanço do adversário. Processo parecido viveu o Santos, mormente a partir de 1958, quando Dorval, Jair Rosa Pinto (depois Mengálvio), Pagão (depois Coutinho), Pelé e Pepe formaram o ataque mais poderoso do planeta.
Em um comentário na mídia social sobre o lançamento deste livro, um amigo jornalista escreveu: “Pelé foi o melhor, mas Zito foi o mais importante”. Talvez ele esteja certo, talvez não. Talvez alguém questione a importância de Zito. Mas o que se sabe é que com o garoto de Roseira a Seleção e o Santos foram duas vezes campeões mundiais. E o Alvinegro Praiano ainda ganhou dezenas de outros títulos relevantes.
Na verdade, Zito era um líder em tempo integral, dentro e fora do campo. Em uma época ainda sem empresários, ele intercedia pelos jogadores junto à diretoria santista, pois sabia que a vitória dependia de todos e o time renderia mais se as questões financeiras fossem bem resolvidas. E como liderava pelo exemplo, obrigava-se a uma conduta sem falhas, pois do contrário perderia o respeito dos companheiros.
Quando abandonou a carreira suas qualidades o tornaram um elo entre a direção do Santos e os jogadores. Diego, Elano, Robinho, Neymar, Ganso, Gabigol e muitos outros tiveram seu apoio e orientação para se firmarem como astros do futebol, a maioria deles no Santos e também na Seleção. Por tudo isso Zito é o líder essencial do futebol brasileiro e nenhuma outra tarja de capitão tem uma representatividade tão grande como a do Santos.
Assim como Pelé, símbolo da máxima expressão da arte alcançada pelo futebol, o legado de Zito permanecerá para sempre como exemplo do valor essencial da liderança, da regência do maestro incansável que afina os instrumentos, orienta os artistas e, por fim, comanda a orquestra em concertos sublimes.