D. Nena, Filha do Combu - Nova Cozinha

Nena nasceu na Ilha do Combu, uma das ilhas fluviais em torno de Belém. Passou sua infância toda ali, atravessando igapós, córregos e cruzando a ilha pra estudar e brincar. Conhece cada palmo daquele pedaço de Amazônia. Entre samaúmas, açaizeiros e rios, Nena viu o cacau. E se lembrou de como os antigos faziam chocolate com ele.

Descascar, secar, torrar, triturar no pilão. Puro chocolate. Da primeira pasta de cacau, a ‘poqueca’, surgem chocolates em barra, em pó e brigadeiros que são muito apreciados. O chocolate da Nena é bom, e é chocolate de verdade.

Começou assim: em 2002 Nena integrou um grupo que fazia artesanato com o cacau, mas foi a partir de 2006 ela decidiu produzir chocolate. Foi a melhor decisão que ela podia tomar. Foram muitas tentativas até achar o ponto certo da torra, liquidificadores quebrados pra triturar a semente, muito aprendizado. Mas ela achou o ponto de tudo, inclusive a forma correta para produzir cacau.

Nena começou a cultivar cacau num sistema de agroflorestal, que permite um uso adequado da mata. Ela não precisa desmatar para plantar ou colher. E todo cultivo é orgânico, nutrido pela integração com a mata.

A produção artesanal é feita com apoio da filha e da sobrinha. É na plataforma da casa de palafitas de Nena, sobre o rio Guamá, que as amêndoas do cacau descansam no sol pra começar o processo que as transforma num chocolate admirado e com muita personalidade.

Nesses onze anos, o trabalho da Nena cresceu, ela ganhou projeção, seu chocolate foi parar em muitos lugares especiais, inclusive nos restaurantes de Alex Atala e Thiago Castanho.

Lá do remanso do Guamá, apenas se comunicando com o continente por barco, Nena sentiu a necessidade de ampliar sua cozinha para dar conta da expectativa por uma produção maior. Condições de continuar fazendo bonito ela tem. Precisava de mais espaço e de equipamentos mais adequados.

Cruzou o rio, buscou um financiamento e ampliou sua cozinha, numa mesma estrutura de palafitas, para poder produzir mais chocolate e atender melhor os visitantes. O financiamento que está sendo pago direitinho permitiu a ampliação do espaço, mas não é suficiente pros equipamentos.

É por isso que esta campanha de financiamento coletivo está de pé. Primeiro porque queremos apoiar a Nena a ter uma cozinha adequada pro seu talento, sem perder as características do seu jeito artesanal de produzir. Mas também porque é uma forma de apoiar uma mulher forte, empreendedora e de uma luz e sensibilidade impressionantes.

Só pra lembrar, estamos falando de produção orgânica em agrofloresta na Amazônia, de floresta em pé, de fazer artesanal, de chocolate de verdade e de uma mulher incrível e inspiradora que precisa de apoio pra brilhar ainda mais fazendo o que ama.

Vamos apoiar a Nena?

Um pouquinho a mais de história pra você saber quem está ajudando a Nena a fazer essa campanha:

Somos três mulheres apoiando a Nena voluntariamente na realização desta campanha de financiamento coletivo.

Catharina, paraense como Nena, desde cedo é apaixonada pela culinária da sua Terra. Vegetariana por opção, se permite sair da dieta quando está diante de um bom filhote paraense. A paixão pela culinária é nutrida com suas incursões gastronômicas, mantem ainda seu blog Utensílios, e sempre que pode, dá aulas de culinária. Múltipla, é mãe de uma cunhantã, assessora de comunicação e eterna sonhadora.