Leve uma Pesquisa Brasileira para Europa!

Gostaria de começar explicando o motivo pelo qual eu não gostaria de perder a oportunidade de apresentar minha pesquisa sobre mulheres no mercado financeiro para acadêmicos que estarão presentes no 38º Congresso Anual da Associação Europeria de Contabilidade. O tema de pesquisa nasceu da minha experiência profissional no mercado, quando trabalhei com compra e venda de ações. Percebi um ambiente hiper masculinizado e pouco receptivo às mulheres, mas essa era apenas minha percepção pessoal, poderia ser uma característica exclusiva daquele ambiente ou seria mais abrangente? Eu não sabia, mas queria descobrir.

Quando parei de trabalhar para passar um ano estudando apenas, busquei leituras sobre mulheres, o que chamamos de estudos de gênero, e quanto mais eu lia mais eu via como era importante estudar a visão das mulheres sobre as coisas. Afinal, a ciência, seja ela exata, biológica ou humana, ainda é feita majoritariamente por homens e o mínimo que podemos nos questionar é se os homens conseguem de fato cobrir todos os tópicos possíveis sem ter a vivência da outra metade da população, nós mulheres.

As pesquisas de gênero são difundidas nas ciências sociais, porém ainda são restritas nas outras áreas. Quando decidi pesquisar mulheres em posições ligadas diretamente aos negócios do mercado financeiro, de um ponto de vista feminino e qualitativo, as reações variaram entre questionamentos se isso era mesmo parte da ciência economica, afinal minha graduação é em economia, e se uma mulher pesquisando sobre mulheres não seria algo apaixonado demais para produzir uma pesquisa consistente.

Coube a mim provar que minha pesquisa de gênero dentro das ciências 'gerenciais', como economia, administração, contabilidade e atuária, poderia não ser tão fora do eixo assim, afinal estudar a composição de mulheres num setor específico é estudar parte da economia, o dinamismo que pode alterar a composição da massa trabalhadora, e entender sob um ponto de vista qualitativo é criar oportunidade de encaminhamentos que podem ser estudados de pontos de vistas quantitativos no futuro.

Sobretudo, minha maior vitória até agora foi provar que a comunidade acadêmica internacional já olha para as questões de gênero, tendo um artigo inteiramente qualitativo e com ponto de vista feminino aceito num relevante congresso internacional. Porém, sou ainda aluna de graduação, e como minha presença num congresso não é comum, pois é um espaço de mestrandos, doutorandos e professores doutores, não há muitas alternativas institucionais de auxílios financeiros para minha ida ao congresso, e as que existem precisam passar por burocracias muito demoradas, sem a certeza de que serão aprovadas. 

Vocês podem me ajudar a mostrar que o Brasil também está começando a olhar para as pesquisas com ponto de vista feminino me ajudando a chegar em Glasgow e apresentar meu artigo, vocês podem me ajudar a colocar o núcleo de pesquisa que eu co-fundei, o GENERA - Núcleo FEA de Pesquisa em Gênero e Raça, na lista de grupos de pesquisa internacionais, juntamente com outros núcleos de faculdades americanas e europeias!

Muito obrigada por se interessar pela causa se você chegou até aqui, qualquer ajuda é bem vinda! =)