Gênero, Raça e Periferia na Europa!

Meu nome é Larissa, tenho 23 anos e sou estudante de Ciências Contábeis da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). Fui aceita numa vaga de intercâmbio na Universidade de Coimbra (UC – Portugal), em uma parceria com a FEA, na graduação em Economia, para início no segundo semestre de 2016.  A Universidade de Coimbra é uma das mais antigas e mais prestigiosas universidades do mundo e, durante minha estadia darei continuidade à minha pesquisa sobre empreendedorismo, gênero, raça e contabilidade.

Sou da periferia da Zona Sul de São Paulo e, com grande esforço dos meus superpais, tive oportunidade de estudar num bom colégio da região e fazer cursinho pré-vestibular para tentar uma vaga em uma universidade pública. Todo o esforço deu resultado: consegui minha vaga na melhor universidade da América Latina! E, desde o trote, a composição do espaço universitário - majoritariamente branco, masculino e rico, tornou-se uma inquietação pra mim. Periféricos, negros e mulheres são minorias nesse espaço, e, quando combinadas essas características, são ainda menos presentes.

Pesquisas com os temas gênero, raça e classe são difundidas nas ciências humanas, porém ainda muito restritas nas outras áreas, principalmente em ciências sociais aplicadas, como economia e finanças. Após algumas tentativas frustradas de tentar relacionar esses temas à minha área de estudos: contabilidade, conheci o GENERA, Núcleo FEAUSP de Pesquisa em Gênero e Raça, cujos objetivos são incentivar discussões sobre gênero e raça, bem como fomentar reflexões, pesquisas, publicações e propostas dentro do ambiente acadêmico. E foi por meio dele, com a professora Silvia Casa Nova, minha orientadora, que consegui encontrar e definir minha primeira intenção de pesquisa.

No GENERA temos algumas instituições parceiras  organizadas em um projeto de pesquisa “guarda-chuva” sobre empreendedorismo, que abrange diversos estudos relacionados ao tema e no qual está inserido meu projeto sobre “Mulheres, empreendedoras e/ou negras – Um estudo sobre contabilidade informal e negócios informais na periferia da cidade de São Paulo”.

Os objetivos da minha pesquisa são, resumidamente, explorar outras formas de contabilizar, buscando entender o contexto de criação e desenvolvimento de negócios informais femininos na periferia e como se dá a relação dessas mulheres com o empreendedorismo, a partir da perspectiva protagonista das próprias entrevistadas.

Em Portugal, no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), temos uma pesquisadora parceira, professora Isabel Lourenço, que coordena uma pesquisa sobre empreendedorismo social, incluindo “o empreendedorismo promovendo reinclusão social de ex-detentas, projeto Reklusas”. Vejo uma oportunidade muito promissora de desenvolver aspectos metodológicos da minha pesquisa nessa parceria e, por essa razão, meu interesse em intercambiar em Portugal.

Meu querido pai foi o pioneiro incentivador da minha carreira acadêmica na USP. Ele sempre incentivou meus estudos e apoiou todos os projetos em que me envolvi na universidade e fora dela, inclusive meu projeto de intercâmbio em Portugal. Infelizmente, ele faleceu há 9 meses, antes mesmo do início do processo formal de candidatura à vaga. Contudo, apesar das adversidades, da enorme tristeza e saudade e das dificuldades que essa nova realidade trouxe da noite para o dia, decidi não abdicar da candidatura. Era um plano que vínhamos fazendo juntos e estou certa de que seria essa a opção que ele, com muito orgulho, me aconselharia a seguir. Também estou certa de que essa experiência será muito significativa pessoal, acadêmica e profissionalmente em minha trajetória. Creio muito no potencial de impacto social das perspectivas que espero produzir com essa pesquisa.

Para conseguir concretizar esse plano financeiramente, concorri a dois processos de bolsas de estudo e, infelizmente, não obtive sucesso. Essa oportunidade veio em um momento em que os recursos para pesquisa estão fortemente contingenciados em virtude da situação do país. Decidi recorrer a um financiamento coletivo e serei eternamente grata aos colaboradores desse projeto.

Vocês podem me ajudar a produzir uma pesquisa inovadora em gênero e raça na FEA, em parceria com universidades de Portugal e, assim, mostrar que o Brasil também está produzindo cientificamente a respeito de gênero e raça em diversas áreas do conhecimento, inclusive em contabilidade!

Vocês podem colaborar a colocar o núcleo de pesquisa GENERA na lista de grupos de pesquisa internacionais, juntamente com outros núcleos de faculdades norte-americanas e europeias!

Vocês podem dar visibilidade à periferia e suas infinitas riquezas! E, junto a mim, provar que sim, nós podemos. Nós, mulheres, negras e periféricas, junto com todas as pessoas que persigam projetos e que corram contra o tempo e as adversidades para concretizá-los.

Muito obrigada por seu interesse! Qualquer ajuda é bem-vinda! Fiz um orçamento da viagem e compartilho com vocês aqui (detalhamentos apresentados abaixo da tabela):

- Itens em verde: garantidos com o valor que já consegui!

- Período de 5 meses: 1 semestre é composto por 6 meses, porém, o período de duração das aulas em Coimbra é de setembro/16 a janeiro/17, totalizando 5 meses.

- Câmbio: A taxa de câmbio usada é de R$ 4,00 por euro, valor de fechamento do euro (compra) na data de hoje, 09/07/2016, da agências listadas no site: https://www.melhorcambio.com/cotacao/compra/euro/sao-paulo  

- Alojamento, alimentação, transporte e material escolar: valores retirados do site da Universidade de Coimbra em instruções a respeito de custo de vida, atualizados em 2016. http://www.uc.pt/brasil/guia/custo-vida

- O valor a arrecadar da campanha inclui a comissão de 12% do Kickante em caso de 100% de atingimento da meta.